Perigoso alienado
Mário Lino Soares Correia (n. 31 de Maio de 1940; Lisboa) foi membro destacado do Partido Comunista Português tendo sido conhecido pela sua ligação à linha ortodoxa-estalinista do partido. Após a Queda do Muro de Berlim converte-se ao capitalismo, adoptando ideias políticas identificadas com o neoliberalismo o que leva a ser expulso do PCP, em 1991.O afastamento ao partido, permite-lhe a ele e a outros antigos comunistas a entrada em empresas públicas por via do Partido Socialista que procurava na altura, incentivar a conversão de ex-quadros do PCP à economia de mercado.
Neste contexto, Lino é nomeado presidente do Grupo Águas de Portugal e de outras empresas públicas do mesmo Grupo (1996-2002), tendo ascendido mais tarde a administrador da IPE-Investimentos e Participações Empresariais, SA (1996-2002).
Este "iberista", acaba por ser assim, largamente beneficiado pelo Estado Português, à semelhança de outros comunistas, que, por terem exercido cargos semelhantes, ganham também reformas vitalícias.Em 2005, José Sócrates chama-o para ocupar o cargo de Ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações no XVII Governo Constitucional. Um ano depois, em Espanha, revela publicamente o seu pensamento sobre o futuro de Portugal:
«Soy iberista confeso. Tenemos una historia común, una lengua común y una cultura común. Hay unidad histórica y cultural e Iberia es una realidad que persigue tanto el Gobierno español como el portugués.» Mário Lino, Ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações de Portugal. Estas declarações foram feitas em Santiago de Compostela (Espanha) e publicadas, no dia 23 de Abril de 2006, no jornal diário Faro de Vigo.
Os portugueses ficaram, uma vez mais, perplexos com declarações deste ministro. Estas declarações nunca foram desmentidas. O assunto, pela sua gravidade, foi alvo de alguns reparos na Assembleia da República. No dia 24 de Maio, na reunião da Comissão Parlamentar de Assuntos Constitucionais foi pedida uma audição do ministro das Obras Públicas, mas a maioria (PS) opôs-se. Era difícil aceitar esta ligeireza na forma como o assunto foi tratado. O caso não morreu. Um número crescente de portugueses foi tomando consciência da gravidade do problema.
1- Como é que possível que um ministro português, depois de jurar fidelidade à República Portuguesa, se possa assumir como iberista?
2- Que confiança pode inspirar as suas opções políticas em termos de investimentos estratégicos, nomeadamente em infra-estruturas?
3- As declarações do ministro sugerem que o iberismo faz parte da agenda do Governo. Uma agenda que não foi nem referendada nem sequer mencionada nas eleições. Estamos perante um acordo secreto?
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